
Saudade ( Cantando o Alentejo )
Ai se eu soubesse cantar
Cantigas de amor e chão
Para assim puder bailar
Segura na tua mão
Cantar eu não sei não
Minha mãe não me ensinou
Para o campo me mandou
Trabalhar colher o pão
Perdida na imensidão
Da planície Alentejana
Passava toda a semana
Trabalhando de sol a sol
Todos entravam no rol
Deste lado do Guadiana
Botei olhos num pastor
Rapaz de bigode farto
Perdida fiquei de quatro
No seu modo trovador
Cantou-me cantigas de amor
Roguei que me ensinasse
A cantar tamanha classe
Mostrou-me a terra lavrada
Anafou-me em ceara dourada
E mandou que me calasse
Minha sina assim traçada
Entre o trigo e o montado
Entre um beijo roubado
Entre o tudo e quase nada
De uma vida mal fadada
Cantei no vento suão
Cantigas em contra mão
Cantei como soube a saudade
Cantei a fraternidade
Na era da revolução
Hoje lembrando o passado
Olhos no céu peço a Deus
Que traga prós braços meus
Um pastor engalanado
Não precisa trazer gado
Contento-me com coisa pouca
Basta que traga voz rouca
Versos bem alto gritar
Que me faça cantar e bailar
A seu lado alegre fado
Antónia Ruivo
Felicito este excelente blog como veículo da Poesia Popular Alentejana, nossa terra querida!
ResponderEliminarPublicarei, se me autorizar dois ou três poemas em Livro que estou a produzir sobre "Memórias de um Alentejo"citando,obviamente os autores e o endereço deste blog! Obrigado e desejo as melhores felicidades! Continuem!