sábado, 12 de junho de 2010

Quadras soltas




Se o homem tivesse arte
Para ver o lado oposto,
Via paz em toda a parte
...E lavava mais o rosto.

Este mundo parece ter
Uma estranha semelhança,
Destinada a fazer ver
O que o homem não alcança.

Em cada história contada
Tudo se conta e resume,
À vantagem retirada
Do proveito e do ciúme.

Oiço falar em progresso
Aos que me falam de cor
Mas, depois de ouvir, lhes peço
Que me falem mais de amor.

O amor que queima e tece
As saudades repartidas,
É amor que não se esquece
Nem por duas ou três vidas.

Todos nos falam de Deus,
Com sublimes teorias;
Rogam em nome dos céus
Os seus favores e manias.

Se além da vida há eterno
E se Deus nos dá sentença,
Imagino que o inferno,
É maior do que se pensa.

Deus nos dê o seu perdão
E qualquer coisa divina,
Porque as voltas que se dão
São sempre a mesma rotina.

António Prates

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